Serviço da Associação Cornelia Vlieg atende ativamente pessoas em situação de rua durante os meses mais frios do ano.
Outubro, 2022 –
No último dia 30 de setembro encerrou-se a Operação Inverno realizada pelo SOS Rua (Serviço de Orientação Social a pessoas em situação de Rua, adultos), programa da Associação Cornelia Vlieg que mantém convênio com a Secretaria da Assistência do município de Campinas. O balanço da operação trouxe números significativos que podem se refletidos como a garantia de dignidade a pessoas que vivem em situação de rua na cidade. Mais que entregar cobertores, a Operação Inverno é uma atuação ativa, visando que pessoas não venham a óbito com as baixas temperaturas.
A Operação Inverno é realizada pelo SOS Rua pelo sétimo ano consecutivo e este ano consolidou números relevantes no atendimento a pessoas em extrema vulnerabilidade: 10.694 atendimentos, 18.149 cobertores entregues e 2.280 encaminhamentos ao SAMIM (Serviço de Atendimento ao Migrante, Itinerante e Mendicante).
A Operação Inverno ocorre entre 1o de maio a 30 de setembro, período em que os atendimentos se estendem por um período maior principalmente à noite. Normalmente os atendimentos do SOS Rua acontecem entre 8h. e 22h., entretanto, durante a Operação Inverno os atendimentos são realizados entre 8h. e 24h. de segunda a sexta-feira e aos finais de semana e feriados, acontecem entre 18h. e 24h.
As equipes do SOS Rua distribuem cobertores visando a prevenção de óbitos de pessoas em situação de rua por hipotermia. Nos locais de difícil acesso, como pontes, viadutos, linhas férreas e áreas de tráfico de entorpecentes, as abordagens e distribuição de cobertores ocorrem durante o dia, como forma de trabalho preventivo e garantindo a segurança das equipes.
Segundo a última contagem realizada pelos serviços da Rede de População de Rua, há atualmente cerca de 932 pessoas vivendo em situação de rua em Campinas. Os números elevados da Operação Inverno retratam abordagens realizadas a essa população, levando-se em consideração todas as ocasiões que os indivíduos são abordados, seja para a entrega de cobertores, seja para encaminhamento ao SAMIM. Assim, um indivíduo pode ser atendido mais de uma vez durante a operação e esse atendimento é contabilizado.
Como esse ano o inverno foi atípico, com altas variações de temperatura e também com chuvas, muitos indivíduos precisaram de mais de uma unidade de cobertor.
Um fato relevante a ser destacado é a prevenção total de óbitos por hipotermia, sem nenhum caso registrado no período.
Para John Charleno Tezolin, psicólogo e funcionário do SOS Rua, a Operação Inverno é fundamental para o acolhimento de pessoas que vivem em condição de extrema vulnerabilidade:
“O trabalho do SOS Rua é de extrema importância, pois supri as necessidades emergenciais, pensando no acolhimento das pessoas que vivem em situação de rua, de forma direta e indireta para que elas não venham a óbito por conta das baixas temperaturas. É um trabalho emergencial que o município faz para garantir um direito de ser acolhido. Muitos não têm identificação com os aparelhos oferecidos pelo município ou não conseguem permanecer em locais fechados e a entrega dos cobertores garante a proteção necessária”, afirma John.
Para Rodrigo J.B.Ramos, também funcionário do SOS Rua, o respeito às escolhas dos indivíduos é muito importante para se estabelecer uma relação de confiança com essa população:
“O sol vai se pondo, a noite vem chegando, as ruas vão perdendo aquele movimento corrido de munícipes. Aquele que muitas vezes passava despercebido durante o dia, vai ficando cada vez mais visível nos espaços da rua. Neste momento nosso trabalho, através de mecanismos de redução de riscos e danos a saúde, com a realização de mapeamento territorial, oferta de cobertores, acolhida e escuta qualificada, respeitando sempre suas escolhas e sua trajetória de vida, tem um papel fundamental para o fortalecimento dos vínculos desta população com a rede socioassistencial e de acesso as políticas sociais, que tem como objetivo contribuir para construção de novos projetos e trajetórias de vida”, finaliza.